sábado, 14 de setembro de 2019

De(s)cida

O amor não é um sentimento.
Ta chocado, ne? É . Eu sei. Mas amor é verbo de ação e não substantivo comum. Aprendemos errado.
Sentimento é paixão. Alegria. Tristeza. Raiva. Ansiedade. Medo. Isso tudo é  sentimento.
Amor não.
Amor é uma decisão.
É o que vem depois do sentimento.
Apaixonar se, por exemplo, é passo primeiro do amor romântico. É quando surge a pergunta da decisão de amar. Não é amor. Nem precisa virar. Mas pode. As vezes, deve. Mas não é curso natural. É escolha.

Amar é decdir ficar. Decidir estar. Decidir fazer.
Por isso que essa história de único amor da vida ou metade da laranja ou pé descalço pra chinelo velho é tudo história mal contada de quem confundiu sentir com decidir.
Explico me.
Se só existisse uma pessoa pra cada outra pessoa no mundo, que desesperador seria se elas nao se encontrassem por acerto do acaso ou erro do destino? E como explicar as paixões que deixaram de ser? Os terminos sofridos e os novos amores?
Ingenuidade achar que se tratam de erros ou encaixes imperfeitos de novas pessoas ou oportunidade perdida. Ou simplesmente botar na conta do amor que ele acaba, sem ora nem beira, sem sinal de fumaça. Imagina todo uma vida com o final "é que o amor acabou". Não. O que acabou foi a admiração, a paixão, a vontade de ficar.

Por isso que eu digo. Amor é decisão.
É, todos os dias, reafirmar a si mesmo, a decisão de compartilhar. De ser inteiro na metade dos dois. De repensar a si mesmo. De se doar. De transformar e se deixar transformar. Se retroalimenta na sua reciprocidade. Cresce e transcende quem o carrega. E o contrário, é verdadeiro.
Paixão interrompe, avança, cresce, encanta, mas essa sim pode acabar. Mas deixa no ar a pergunta a ser respondida com o amor. E dentro dessa nuvem, resta a serenidade de querer o outro todos os dias.

Nessa perspectiva, o amor contemporaneo nao se vestiu de liquidez e resolveu acabar mais rápido. Na verdade, por acreditar que foi amor, as pessoas acham que acabou. Mas num mundo com tanta facilidade e pouca responsabilidade,o ato de decidir fica sempre pra depois. Amar vem depois. Ou nunca vem. "Chama o próximo" , ja que o sentir desse ja acabou. Amar da trabalho pordimaais. Te deixa vulneravel, exige tempo, auto e re-conhecimento, dói, cansa, desconforta.
E nesse descompromisso com a decisao, a gente deixa o tempo passar. O crescer passar. A felicidade passar. O cuidado passar. O melhor passar. Nós, passar. O amor, coitado do amor, passou.



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