domingo, 9 de setembro de 2012

Excetos meses

"E se tudo parasse de repente?" Quantas vezes a gente já não se perguntou isso, visando apenas um "tempo" na vida, na rotina, nos problemas.
Parece tão utópico que quando realmente para, a gente se ve perdido. O tempo livre é muito mais almejado do que realmente utilizado e a gente perdeu o costume de ter tempo. A gente perdeu o costume de olhar pro que é mais importante: nós e quem nos faz feliz. 
Deve ser por essas e por tantas outras que, depois de um tempo imprevisível e com final indefinido que se definiu como amanhã, estou com uma sensação esquisita. A vida seguiu por outros roteiros nos últimos tres meses e, agora, é como se eles fizessem parte da minha vida e são tão necessarios quanto quaisquer outros meses cheios de estudo e dedicação a um objetivo formulado. 
Deu tempo. Deu tempo de rever quem me fazia falta, de sair para não fazer nada, de não sair pra fazer nada, de dançar até anestesiar, de gritar até ficar rouca, de protestar até ser ouvida, de conversar sem compromisso e de ter papos filosóficos. Deu tempo de ser perder pela cidade e de se encontrar tb. De tocar violão até perder o tempo, de dormir até os ossos reclamarem. De ter dor de barriga de tanto chocolate e de ficar com tontura de tanto malhar.Deu tempo de rezar, de admirar e de questionar. Deu tempo de pensar....Deu tempo de pegar sol e de tomar banho na chuva. De brigar e de pedir desculpas. Deu até para viajar. Deu tempo de se emocionar, de se incomodar, de parabenizar. De entregar um presente e de receber presentes. Deu tempo de ler, de digitar e ouvir...Deu tempo de ver filmes e de cantar como se ninguem pudesse ouvir. Deu pra andar até cansar e ser esmagada numa fila quase sem respirar. Deu pra fazer a pose bonita pra foto e a feia tb. Deu tempo de abraçar e de beijar. Deu tempo de chorar de tanto rir e de sorrir no meio do choro. Deu tempo de te achar. É....deu tempo. Sobrou tempo. E o tempo sobrado logo deu um jeito de ser ele mesmo, passando com o rodar dos ponteiros, seguindo até aqui. Continua sendo o mesmo ponteiro no mesmo relógio, mas agora a gente volta a olhá-lo entre as aulas e não mais entre ele mesmo que, "poxa, nao passa...". Ou passa rápido demais.
E assim, entre tantas outras coisas, eu aprendi que todo mundo precisa de um espaço que sobre. De nada a fazer além de ver o tempo passar, de realizar aquilo que fica na lista vital que todo mundo tem em mente, incluindo a sua viagem a Índia e sua trilha pela floresta. Aquela lista que a gente vai descartando com o passar do proprio tempo pq, afinal, fazer um luau na praia é tão pouco adulto e tão muito utópico, né? A gente troca alguns sonhos por alguma concretude do dia a dia. E quando o relógio é livre, se esquece da lista. 
Mas voltando, aprendi que, o espaço sobrando é uma necessidade tanto quanto sua duração definida. Por que viver também inclui fazer. Os nossos sonhos não podem ficar todos no papel, eles se incluem naquilo que a gente constroi no cotidiano. E voltar a rotina me parece doce assim. Trazer consigo tantas coisas boas precisa se direcionar para algo produtivo, não pelo simples fim de produzir, mas sim de crescer, viver e conviver. Entre tudo o que parece chato as vezes, há a beleza daquilo que é essencia. 
Muita coisa aconteceu, o que me espanta por um lado. Mas só por um, pq pelo outro, espanto seria se a vida nao corresse no seu próprio rumo durante tres (excetos) meses. Se ela não mudasse,se ela não me mudasse.

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